
Uma
nova perspectiva na classificação de Cymbidium
Por Dr David Du Puy - Botanisches Institut des Universität - Bâle,
Suiça
Os
estudos de sistemática molecular do gênero Cymbidium
trouxeram elementos adicionais na classificação infra-genérica
do gênero. Na maioria das vezes, o resultado confirma a classificação
proposta por David Du Puy e Cribb, feita em l988, baseada nos estudos
morfológicos e anatômicos. Os estudos de sistemática
molecular foram especialmente úteis na resolução
das relações no interior do sub-gênero heterogêneo
Cymbidium: os dois outros sub-gêneros Cyperorchis
e Jensoa continuam globalmente como eles foram definidos. No
sub-gênero Cymbidium, os reagrupamentos das espécies
asiáticas e australianas foram esclarecidos e pode-se evidenciar
a separação deste grupo parafélico em dois sub-gêneros.
O gênero mostra que teve sua origem no sudeste da Ásia
e, apesar da fraca representação das espécies australianas
neste estudo, há indicações para as inserir dentro
da seção asiática de Cymbidium. As análises
moleculares também esclareceram a afinidade de certas espécies
precedentemente difíceis de serem classificadas com convicção
e que foram reconhecidas como monoespecíficas. Surpreendentemente,
os dados moleculares inferem que o C. dayanum deve ser colocado
num sub-gênero diferente, no entanto, eles são muito confusos
no que diz respeito à posição correta do C.
devonianum. É muito frustrante que as análises não
tenham incluído todas as espécies, os resultados são
incompletos não permitindo que uma nova classificação
seja levada a termo.
Dr. David
Du Puy é um botânico escocês especializado em orquídea,
na flora e na vegetação da Ilha de Madagascar e na conservação.
É autor de « O gênero Cymbidium » (1998), «
As Orquideas de Madagascar » (1999), e « As Leguminosas
de Madagascar » (2004). Atualmente trabalhar como Conservador
no Herbário de Jany Renz de Bâle (Suiça).
Contribuição
do DNA ao conhecimento da evolução e classificação
natural das orquídeas européias.
Pelo Professor Richard M Bateman - Departmento de Botânica, Museu
de História Natural - Londres - Reino Unido
Os estudos baseados no DNA revolucionaram nossa perspectiva sobre a
evolução das orquídeas e sobre qualquer sistema
de classificação que objetiva representar as relações
evolutivas. Quando vista de lado, a evolução é
melhor representada por uma árvore filogenética que descreve
o tempo, com a primeira orquídea localizada na base do tronco
e cada espécie vivia ocupando a extremidade de um galho individual.
Quando vista de cima, vemos apenas as espécies vivas mas podemos
ampliar o foco, agregando indivíduos em populações
e populações em espécies.
Os dois tipos de abordagem são mais efetivos quando as análises
morfológicas tradicionais e as baseadas no DNA são obtidas
a partir do mesmo conjunto de plantas de orquídeas assim como
são as relações de causa entre os genes, o aparecimento
e a localização geográfica descrevesse melhor a
evolução. Por sua vez, cada um fornece dados para a classificação
e informa sobre as prioridades de conservação.
O aumento dos estudos sofisticados sobre orquídeas européias
demonstra que certas espécies delimitadas morfologicamente são
espécies "nova roupa do rei" onde há falta de
coerência genética e deveriam ser abandonadas. Por outro
lado, as espécies "Cinderela" não foram reconhecidas
morfologicamente mas apresentam uma forte coerência genética
e merecem uma consideração maior. Os sistemáticos
têm ainda mais dificuldades para classificar as populações
orquídeas que estão ainda em plena evolução,
seja pelo isolamento geográfico (espécies ""
Robinson Crusoé"), seja por mudanças profundas de
aparência devidas à mutações (espécies
"Rumplestiltskin"). Os pessimistas vêem a situação
atual de remanejamentos taxonômicos como confusa e malvista, enquanto
que os otimistas percebem as pesquisas recentes como excitantes e plenas
discernimento, reconhecendo que o crescimento rápido dos conhecimentos
favorece as orquídeas em relação às outras
famílias de plantas menos carismáticas e que conduzirá
eventualmente à uma classificação mais lógica
e mais estável.
Professor
Richard M Bateman estuda as relações entre sistemática
e o processo de especiação nas orquídeas. Ele dirige
o único Departamento de Recherche ainda chamado de "Botânica",
na Inglaterra; é também Professor Honorário da
Universidade de Reading, Pesquisador Honorário do Royal Botanic
Gardens Kew e ex-presidente do Hardy Orchid Society.

Em
direção à compreensão da diversificação
do gênero Epidendrum
Por Eric Hágsater e Miguel Soto - Herbário AMO - México
O Gênero Epidendrum é provavelmente o maior gênero
monofilético de orquídeas neo-tropicais. Nos últimos
anos, nós inferimos uma filogenia molecular deste gênero
e dos táxons próximos: Microepidendrum, Orleanesia,
Barkeria e Caularthron. Epidendrum pode ter tido uma
diversificação precoce em América Central. Nós
mapeamos na filogenia deste gênero alguns traços vegetativos
que nós supomos que tenha tido um papel significativo na enorme
diversificação enorme deste grupo, tal como o hábito
monopodial, do comportamento monocárpico, a presença de
brotos dimórficos especializados no crescimento ou na reprodução
vegetativa, e na perda da gema de substituição predeterminada
nas espécies simpodiais. Estes traços parecem ser adaptados
e poderiam ter permitido a colonização bem sucedida do
biótipo epífito das úmidas florestas andinas América
do Sul, onde o gênero alcançou sua diversificação
mais elevada.
Os caracteres florais no Epidendrum parecem ser altamente associados
aos sistemas de polinização e aos vetores do pólen.
A análise comparativa com métodos não-direcionais
foi conduzida para avaliar a evolução paralela de alguns
traços, especialmente aqueles que se conformam a síndrome
da polinização esfindígea e para mostrar sua evolução
independente em diferentes linhagens do gênero. A diversificação
dos clades polinizados pelos lepidópteros que procuram alcalóides
do pirrolizidina é discutida dentro de uma estrutura filogenética.

Novas
idéias sobre a classificação de Dendrobium
Pelo Dr Mark A. Clements - Centro de Pesquisa da Biodiversidade Vegetal
- Austrália
Os resultados publicados da pesquisa molecular, usando seqüências
do DNA da região do espaço interno transcrito (ITS) de
unidades ribossomais repetidas 18-26S, do DNA de genes cloroplásticos,
acoplados com os estudos detalhados da morfologia, da biologia e do
desenvolvimento, utilizando uma amostra amplamente representativa de
espécies, forneceram uma base sólida para a reavaliação
filogenética dos Dendrobium sens. lat. e dos táxons
vizinhos: (a) seção Oxystophyllum é fortemente
encaixada dentro do táxon do grupo externo, subtribo Eriinae:
Podochileae e (b) os táxons restantes constituem os Dendrobieae
que comportam três maiores táxons monofiléticos
atualmente reconhecidos formalmente sendo das subtribos, Epigeneiinae,
Dendrobiinae e Grastidiinae. Os gêneros Cadetia,
Diplocaulobium e Flickingeria, historicamente aceitos, facilmente
reconhecidos e bem definidos, são bem encaixados dentro Grastidiinae,
levando ao também ao conceito tradicional de Dendrobium
polifilético. Estes estudos confirmam que são os caracteres
sinapomórficos predominantemente vegetativos que definem dos
monofiléticos dentro das subtribos. O reconhecimento destes grupos
como gêneros é, filogeneticamente, mais informativo e mais
anunciativo do que algumas alternativas.
Dr Mark
A. Clements é pesquisador do Centro de Pesquisa da Biodiversidade
Vegetal, no Herbário Nacional Australiano de Canberra, na Austrália.
É um especialista dos estudos sobre a filogenia e a biologia
das orquídeas australianas com especial interesse nos Dendrobium
e as relações orquídeas-cogumelos.

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