
Mesa de Redonda
sobre Polinização tendo Aline Raynal-Roques como moderadora
e com a participação de Y. Sell, Günter Gerlach,
Mark Whitten e Norris H. Williams, M. Démares, Jean Claessens
e Jacques Kleynen, Thierry Pailler
Recompensa
ou não?
Por Aline Raynal-Roques
Por mais de dois séculos, tem sido admitido que as flores recompensam
os polinizadores. Os atrativos encontrados nas orquídeas são
mais numerosos e diversos. Muitos deles são um quebra-cabeça
para nós. Nós reconhecemos os atrativos úteis para
o visitante, aqueles que os iludem, aqueles que os prejudicam mais ou
menos gravemente e aqueles que só atraem. Podemos considerar
um atrativo, ainda que útil, como uma recompensa? O polinizador
é inconsciente de seu papel, a planta não tem a vontade
de agradecer. Conceber a relação orquídea-polinizador
em termos de recompensa por serviço prestado limita este fenômeno
a um ponto de visto antropomórfico e restritivo.
Aline
Raynal-Roques é professora honorária do Museu de História
Natural (Paris) e é especialista na flora tropical e biologia
floral.

Festival de Fragrância
nas Orquídeas
Por Y. Sell
O odor
emitido pelas flores é o principal atrativo para insetos. Fragrâncias
atrativas assim como ferormônios das orquídeas são
misturadas, em determinada quantidade, a vários componentes químicos.
Estas fragrâncias, emanadas dos tecidos localizados principalmente
no labelo, geralmente, constitui num guia olfativo em direção
aos órgãos de reprodução. Uma relação
privilegiada é criada entre a flor e o inseto, que pode ir até
a exclusividade e conduz, sobretudo à polinização
da orquídea.
Yves Sell, é professor aposentado de Biologia
Vegetal na Faculdade de Ciências da Vida da Universidade Louis
Pasteur de Strasbourg. É especialista em morfologia comparada
e experimental tratando principalmente de ecologia floral. É
presidente da seção de orquidofilia dos 'Amis du Jardin
Botanique de Strasbourg', desde 1984.

Polinização e Fragrância na tribo Maxillarieae
Por Günter Gerlach - Jardim Botânico de Munique - Nymphenburg
- Alemanha
A tribo Maxillarieae inclui as subtribos Coeliopsidinae, Maxillariinae,
Oncidiinae, Stanhopeiane e Zygopetalinae com espécies
freqüentemente ornamentais. Os sistemas de polinização
apresentados aqui são variados, alguns produzem recompensas,
outros são enganadores. Entre os que recompensam se encontram
que oferecem flores perfumadas e com óleos como provisão.
Enquanto os membros dos subtribes Stanhopeinae e Coeliopsidinae
são exclusivamente polinizados por as abelhas masculinas Euglossine,
os membros de Zygopetalinae e o Maxillariinae só
o são em parte. Os mecanismos envolvidos aqui são aos
os mais espetaculares do reino vegetal. As fragrâncias servem
para selecionar uma ou algumas espécies da abelha do conjunto
das existente na região. As abelhas são tão especializadas
em suas preferências que isto acaba resultando numa barreira efetiva
contra a hibridação. As análises da fragrância
das flores das subtribos com perfume ajudam a distinguir as espécies
mesmo quando são muito similares, elas dão indicações
muito preciosas para a taxonomia se bem que sejam inválidas a
nível genérico. Para evitar hibridações
intergenéricas, uma barreira mecânica foi desenvolvida,
permitindo colar as polínias sobre diferentes partes do corpo
das abelhas.
Günter
Gerlach é o curador botânico do Botanical Garden Munich
in Germany. Os tópicos de sua pesquisa são amplos: Desde
sistemática e taxonomia de Stanhopeinae e Zygopetalinae
até a biologia da polinização, análise e
química envolvidas nas fragrâncias e óleos florais
de planta de grupos e ecologia das abelhas polinizadoras.

Relações
evolucionárias na tribo de Maxillarieae. Lições
tiradas da Biologia Molecular, da Morfologia e da Polinização.
Por Mark Whitten e Norris H. Williams
A tribo neo-tropical Maxillarieae contem aproximadamente 10%
das Orchidaceae e inclui alguns dos gêneros mais espetaculares
e horticulturalmente mais importantes (Oncidium, Odontoglossum, Stanhopea,
Zygopetalum, Maxillaria). Como a maioria das Orchidaceae,
sua classificação foi problemática durante os últimos
300 anos, tanto em definir gêneros como em agrupá-los em
categorias mais elevadas. Os dados da seqüência do DNA nos
fornecem um conjunto de dados relativamente objetivo para a reconstrução
de relacionamentos evolucionários e para construir um sistema
de classificação. A seqüência DNA indica uma
série de dados relativamente objetivos para reconstruir as relações
evolucionistas e para estabelecer um sistema de classificação.
As filogenias baseadas sobre o DNA indicam que forma floral e o colorido
são freqüentemente enganosos quando do estabelecimento de
sistemas de classificação e que as mudanças de
polinizadores ou os sistemas de convergência dentro da polinização
tornaram confusos os sistemas clássicos de classificação.
Em geral, os dados do DNA apóiam as classificações
tradicionais no interior da subtribos que produzam recompensas florais
(por exemplo, Stanhopeinae). Nas sub-tribos que englobam muitas
espécies com sistemas de polinização por estratagema
por (por exemplo, Oncidiinae), as árvores baseadas no
DNA são fortemente conflitantes com as classificações
tradicionais. A evolução convergente pode produzir morfologias
florais muito similares em orquídeas muito diferentes. As classificações
baseadas sobre caracteres florais podem ser fontes de erros.
Foto
de M Whitten
Trigonidium
grande
|
Foto
de
M Whitten
Maxillaria
huancabambae
|
Mark
Whitten é botânico no Museu de História Natural
da Flórida, em Gainesville, Flórida. Sua área de
pesquisa inclue sistemática molecular de orquídeas e abelhas
Euglossine. Atualmente pesquisa sistemática molecular
de Maxillaria, em colaboração com colegas do México,
Costa Rica, Equador e Brasil.

A polinização das orquídeas nativas da França
Por M. Démares
Após ter mencionado algumas definições sobre a
morfologia geral da flor da orquídea e a do inseto:
1- o autor aborda a polinização de um ponto de vista descritivo,
- ao nível das plantas e observando os diferentes tipos de flores
(com calcar longo, médio/curto e sem calcar, com hipochile, Ophrys)
e seu ginostêmio:
- a nível dos insetos, considerando , a partir de exemplos, as
principais ordens envolvidas (Lepidoptera, Hymenoptera, Coleoptera,
Diptera).
2- Aborda também a polinização do ponto de vista
dinâmico, descrevendo os tipos de comportamento dos insetos com
relação às flores e precisa as relações
inseto-orquídeas e mostra a adaptação recíproca.
Michel
Démares é naturalista autodidata. Membro do Conselho Científico
da Société Française d'Orchidophilie. Co-fondador
do Grupo Normandia da SFO e presidente de fim do ano 1996 até
o fim de 2003. Co-autor do "Bournérias" onde ele redigiu
os capítulos sobre a morfologia, polinização e
o gênero Orchids e realizou diversos desenhos. Autror do Atlas
das Orquídeas Selvagens da Haute-Normandie.

O ginostêmio
das orquídeas européias. Forma e função
Por Jean Claessens et Jacques Kleynen
Por Jean Claessens e Jacques Kleynen
Na última década, nós estudamos intensamente o
ginostêmio das orquídeas européias. O ginostêmio
não é somente importante para a taxonomia, sua morfologia
determina também a maneira com a qual a polinização
se produz. A maior parte das descrições de ginostêmio
das orquídeas européias foram feitas somente com material
preparado no álcool. Com o exame de material florístico
fresco, nós obtivemos muitas informações, não
somente sobre a morfologia dos ginostêmio mas também sobre
sua função.
Nossa apresentação abrange diversos gêneros de orquídeas
européias, por exemplo, Cephalanthera, Corallorhiza, Epipogium
e Ophrys. de diferentes maneiras : fizemos fotografias dos habitatrs,
das flores, do ginostêmio, de cortes longitudinais das flores
e cortes microscópicos do ginostêmio. A forma e a função
da flor estão estritamente ligados. Exemplos foram dados para
demonstrar como pequenas alterações no plano da construção
do ginostêmio podem determinar a maneira pela qual a polinização
se produz. Para uma melhor compreensão e comparação,
foram mostrados dois slides simultaneamente.
Jean
Claessens e Jacques Kleynen são fotógrafos da natureza,
especializados em macrofotografia.

Interação
orquídea-polinizador em Ilha Oceânica.
Por Thierry Pailler
Universiteé de la Réunion - Peuplements Vegetaux Et Bioagresseurs
En Milieu Tropical
A flora de orquídeas de Ilha de la Réunion deriva essencialmente
da Ilha de Madagascar. Atualmente, a ilha compreende 120 espécies
sendo que a metade é endêmica. A subtribo angraecinae está
representada por 7 gêneros e 62 espécies. Jumellea
é um entre eles e possui 9 espécies endémicas.
Quatro espécies tem o calcar curto (8-50mm de comprimento) e
cinco espécies com calcar longo (90-150 mm) Uma série
de experiências (polinização manual e emasculação
em ambiente natural) sobre a biologia reprodutiva de 8 espécies
de Jumellea revela que as espécies com calcar curto se reproduzem
com a ajuda de polinizador e aqueles com calar longo são auto-polinizadores
e não têm necessidade de vetores de pólen para se
reproduzirem. O estudo das características florais das espécies
com calcar curto e longo mostra que a perda de perfume das flores e
a curta duração da vida das flores nas espécies
de calcar longa. O estudo sugere uma perda de interação
entre as plantas e seu polinizador com probóscide longa (sphinx).
A ruptura da co-evolução orquídeas/sphinx foi discutida.
T. Pailler. Dr in Plant Reproductive Biology. Palestrante junto à
Universidade de La Réunion University (França, Oceano
Índico). Membro do Orchid Specialist Group of IUCN. Membro do
Herbarium da Ilha de La Réunion. Principal interesse: Biologia,
Ecologia e conservação de orquídeas.

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