|
Híbridos
de Odontoglossum
|
Robert
Hamilton é um residente vitalício de
Berkeley, Califórnia. É, atualmente, gerente de
Equipamentos e Instalações da Universidade da Califórnia,
Berkeley, no Laboratório de Micro-fabrication. Atualmente
reproduz, produz frascos e cultiva híbridos e espécies
de Odontoglossum com o objetivo de preservação
e melhoramento. Iniciou sua especialização neste
gênero em 1980.
|
|
|
ON: Em sua palestra,
o senhor disse que o pool de genes das primeiras plantas dos últimos
séculos poderá se perder. Por que isto e como isto poderia
ser evitado?
RH: A causa da perda deste extraordinário
pool de genes é simplesmente a falta do interesse em cultivar
híbridos de orquídeas. Quando uma planta morre, o mesmo
acontece com seu genoma. Hoje em dia, as espécies de orquídeas
dominam o interesse dos colecionadores. Há diversas razões
para isto. Uma é a resposta à rápida devastação
de nossos florestas ombrófilas e tropicais. É provável
que os colecionadores amadores possam fazer muito pouco para salvar
a biodiversidade destas regiões mas eles tentarão. É
natural ser heróico. Eu não acredito que a maioria dos
cultivadores amadores gaste muito tempo pensando sobre a origem dos
híbridos de orquídeas ou que eles contenham genes de espécies
extraordinárias encontradas nos primordios da coleta. Este pool
de gene não está mais disponível na natureza. Eu
observei também que há poucos jovens interessados em ter
um hobby. Na maior de partes das sociedades industriais, a terra é
cara, as áreas estão se tornando mais proibitivas e há
menos tempo para o lazer. O clima nas latitudes norte requerem cultivo
em estufas e elas são caras. Eu acho que jovens estão,
em sua maior parte, interessados em "coisas compradas", isto
é bens de consumo. Como é sabido, as coleções
de orquídeas não sobrevivem à perda do interesse
de uma geração. Os jardins botânicos são,
na maioria das vezes, preocupados em preservar e catalogar o material
de herbário. Não há nenhuma coleção
extraordinária do Odontoglossum em jardins públicos.
Eu sei que os jardins botânicos de Heidelberg possuíam
uma coleção boa de odontoglossums incluindo plantas de
Leonore Bockmuhl (autor do excelente "Odontoglossums - monografia
e Iconografia"). Eu ouvi dizer que a maioria da coleção
foi para o paraíso das orquídeas -- em menos de uma geração
de"cultura"! Eu vi "o herbário vivo" dos
jardins de Kew. Eu não acho que este seja um nome apropriado
sem adicionar o advérbio "apenas"! Não se engane,
Kew é uma grande fonte de orquídeas; entretanto como a
maioria dos jardins botânicos não são bons cultivadores
de orquídeas. A cultura de meristema tornou disponível
um grande número de grandes orquídeas. Assim, para muitas
pessoas, híbridos de orquídeas tornaram-se são
corriqueiros. A cultura de meristema aumentou extremamente os números
de orquídeas mas diminuiu a atração por híbridos
de orquídeas. Finalmente, muitas orquídeas tropicais podem
encontrar um lar nos jardins com climas condizentes, tais como vandas
na Florida. Crescerão nesse clima com pouco cuidado. Isto não
é válido para os odontoglossums. Há poucas áreas
do mundo que são apropriadas para o cultivo de odontoglossums
fora de estufa.
ON: De que espécies o senhor está está falando?
RH: De um punhado das espécies que foram
usadas produzir a maioria dos Odontoglossum atuais: crispum,
nobile, harryanum, luteopurpureum, spectatissimum
e hallii. Se incluirmos o gênero artificial Odontioda,
só precisaríamos acrescentar Cochlioda noezliana
com sua coloração vermelha intensa.
ON: Quais são as características desejáveis a serem
transmitidas à progênie?
RH: As características óbvias são
tamanho, cor e padrão. As não óbvias são
vigor, resistência a pragas e latitude de cultura. Finalmente,
fertilidade é necessária para futuras progênies,
deste modo, o “plóide” ou números cromossomos
são importantes.
ON: Odontoglossum crispum tem mais de 6600 híbridos em
8 gerações. Odontoglossum harryanum, quase 6.000
também em 8 gerações. Odontoglossum luteo-purpureum
mais de 2000 em 11 gerações. São estas as espécies
mais usadas em hibridação?
RH: Existem muitos caminhos para a hibridação.
Nós podemos tentar manter e melhorar o tipo de odontoglossums
que nós cultivamos. Este é um caminho. Outro caminho é
desenvolver novas combinações e novas aparências.
Cultivadores de plantas antigas frequentemente acham que alguns clones
são difíceis de serem mantidos em cultivo. Eu não
sei se isto é resultado de doença como virus ou genética
- talvez as duas! Muitas plantas que tiveram uma boa floração
na primeira vez nunca se tornam grandes plantes. Isto é verdade
para todos os hibridos de orquídeas, não somente de odontos.
Eu acredito que precisamos identificar as grandes plantas e focar o
"cerne" da coleção nestas plantas. Nós
chamamos as plantas de "linhagem", assim precisamos preservar
a grande linhagem de brancos, brancos pintalgados, padrões, amarelos,
albos, forma, ramificação, etc. Adicionalmente, há
um grande número de espécies que nunca foram usadas em
hibridação. Muitos cultivadores gostram de tentar novas
combinações. Eu sou um deles. Há o risco de um
punhado de fracasso mas também sucessos importantes. Alguém
que busca um novo caminho de produção por dinheiro é
ingênuo. As razões legítimas para fazer tais cruzamentos
é a beleza, amor e aventura. Ajuda também ser um pouco
louco.
ON: Existem algumas espécies que foram usadas em apenas alguns
híbridos antigos Odontoglossum blandum (Odontoglossum
Cookeanum - 1856, Odontoglossum Blando-nobile, 1910 e Odontoglossum
Tacki, por volta de 1917). Odontoglossum gloriosum (25 híbridos)
Por que? Os resultados não foram tão bem quanto o esperado?
RH: Quem sabe se o objetivo da produção
naquele tempo fosse diferente do de hoje em dia? O tamanho era a grande
procura naquele início de produção. Muita produção
foi feita com objetivo de se conseguir prêmios. Como você
indica, nós devemos rever muitas espécies incluindo o
blandum. Eu acredito que o blandum esteve perdido das
coleções por algum tempo. Só recentemente se tornou
disponível com sua descoberta no Equador. Blandum está
num grupo que inclui também o cirhossum e o praestans,
ambos que foram usados para produzir alguns híbridos novos espetaculares.
Keith Andrew de Inglaterra explorou muitas orquídeas "underdogs"
como o cirhossum com grandes resultados tais como Oda
Startrek! O mundo necessita mais hibridadores com a visão de
Keith. Há, aproximadamente 15 anos, eu refiz um cruzamento de
cirhossum, cirhossum x nobile. Eu dei alguns frascos para
Sequóia Orchids, um orquidário comercial. Eles cultivarem
centenas de Odm Venilia. Quando Venilia começou florir
prematuramente, eu recebi telefonema, "por que você fez este
cruzamento? É pequeno demais para chamar a atenção".
Seis meses mais tarde, eu recebi outra ligação: “
Você refez o cruzamento? Ele é realmente popular! Venilia
foi usada para fazer algumas belas plantas como Odm Roy Wittwer.
ON: Existem algumas espécies que possuem uma característica
interessante como Odontoglossum crinitum (um labelo branco e
vermelho com fímbrias) entretanto, só há um híbrido
registrado. Qual é a razão, é devido ao fato do
baixo número de flores, de 3 a 5?
RB: Eu só posso fazer especulação.
Há poucos produtores de Odontoglossum e não há
muitos cruzamentos sendo feitos atualmente. Propagar odontoglossums
requer frascos e isto pode ser um “engarrafamento” substancial
pois somente alguns laboratórios realizam um bom trabalho em
cultivo in vitro de Odontoglossum. Além disto, o mercado
para novos seedlings é realmente muito pequeno. Os cultivadores
não querem correr o risco de fazer um semeio para ver o que acontece.
Crinitum é uma flor bonita.
ON: Por que Odontoglossum lucianianum não é freqüentemente
usado em híbridos? Embora seja pequeno, as flores têm bonitas
cores e uma inflorescência de 40cm.
RB: Toda pessoa que folheou o livro de Bockmuhls
quer cultivar lucianum. Ela capturou e imprimiu uma magnífica
imagem. Não está disponível. A única planta
que conheço nos Estados Unidos requereu uma dedicada viagem à
Venezuela para ser encontrada. Eu invejo e admiro a pessoa que teve
a firmeza de coletar esta planta. Ela é rara e seu pólen
somente agora se tornou disponível.
ON: Fala-se que o gênero tem quase 180 espécies originárias
das montanhas da América do Sul (Venezuela, Colômbia, Equador
e Peru). Qual o país mais rico em espécies?
RH: Colômbia tem o melhor em odonts seguida
do Equador.
ON: Quais são as condições de habitat?
RH: Ambiente frio ou temperado com chuvas e flutuações
pequenas de temperatura.
ON: As espécies crescem em altitudes elevadas (acima de 1.500m
até 3.500m altitude) entretanto existem alguns híbridos
intergenéricos que chegam a vegetar em condições
de temperatura um pouco mais elevadas. O senhor acredita que poderão
existir híbridos intergenéricos proporcionando uma bela
floração mesmo quando cultivados em condições
de temperatura realmente elevada e mantendo a magnífica característica
da forma das flores?
RH: A busca de um Odontoglossum tolerante
a calor tem sido perseguida por mais de 100 anos. Os bons intergenéricos
cultivados são, em sua maioria, razoavelmente bem próximos
perto das espécies, isto é, de 3-4 gerações,
em geral. Quando alguém faz um cruzamento de plantas originárias
de locais ligeiramente mais quentes, está combinando plantas
que tem um relação genética muito distante. A progênie
deste tipo de produção freqüentemente não
resulta em um bom produto. Quando se examina o número enorme
de produtores de cruzamentos como George Black, de Inglaterra, W.W.
Moir do Havaí e Bob Dugger, do sul da Califórnia do sul
fizeram, é realmente estarrecedor. Contudo, poucos deles tiveram
sucesso. Os cultivadores como Dr. Howard Liebman, Tom Perlite de Golden
ate Orchids e Milton Carpenter de Everglades fizeram algum trabalho
excelente. Eu acredito que nós faremos um trabalho melhor e as
ferramentas tais como a colchicina, um alcalóide usado dobrar
números do cromosomos, serão úteis em restaurar
a fertilidade de alguns híbridos estranhos que fizemos. Uma planta
que me intriga realmente é a Miltonia spectabilis. Eu
fiquei desconcertado com alguns dos intergenéricos feitos. Eu
visitei Gerald McCraith em Melbourne, Austrália. Ele deu o nome
de sua esposa a híbridos Vuyl Ellen McCraith (spectabilis
var. bicolor x Oda Echanson). É vistoso com hastes
arqueadas e elevado número de flores. Gerald passou adiante alguns
conselhos. A maioria de nós usou a forma de cor moreliana
(elevada agora ao ranque de espécie). Perlite e eu usamos versão
4n. O problema com moreliana é o número baixo de
flores e que surgem na extremidade das hastes. McCraith observa que
a spectabilis normal 2n não tem as mesmas condições.
Quando alguém a combina com um moderno Odontoglossum poliplóide
ou as odontiodas, a influência da spectabilis é
menor e o problema do baixo número de flores é superado.
ON: O senhor pensa que a análise do DNA vai provocar mudanças
importantes na classificação deste gênero?
RH: Provavelmente mas isto não me importa.
"A rosa, não importa o nome, é sempre uma rosa".
ON: O que o senhor poderia dizer para ajudar as pessoas que querem cultivar
este gênero?
RH: Tenha uma renda boa e evite os sistemas de
julgamento de orquídeas. De profissão, eu sou um engenheiro
e administro um laboratório semicondutor para universidade de
Berkeley, Califórnia. Orquídea é um passatempo.
Como a maioria da produção de plantas, a sorte é
um componente importante ao fazer bons cruzamentos. Vale a pena começar
com grandes plantas e eu as tenho porque eu sou um colecionador. Todo
produtor de planta comete seus erros assim é bom ter uma lixeira
na estufa. Adquire-se mais credibilidade ao jogar plantas ruins fora
antes que alguém as veja. É fatal tentar vendê-las,
sua reputação estará perdida. A característica
mais importante das plantas é vigor. Ponha de lado os produtores
inferiores desde o começo. Compre plantas dos produtores respeitáveis
e desconfie de "especiais". Afinal, a maioria dos grandes
reprodutores não tem nenhum critério especial. Apenas
trabalham duro, fazem lotes de cruzamentos e sabem o que jogar fora.
ON: Muito obrigada, Robert Hamilton.
|
É
expressamente proibido qualquer tipo de uso, de qualquer material
deste site (texto, fotos, imagens, lay-out e outros), sem a
expressa autorização de seus autores.
|

|