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Vinciane
Dumont presidiu o comitê organizador da 18ª Conferência
Mundial de Orquídeas.
É um membro ativo da comunidade orquidófila da Europa
e do exterior, tendo já exercido muitas funções
de responsabilidade tais como Secretária Geral do Conselho
Europeu de Orquídeas, presidente de uma sociedade de orquídeas,
na Suíça, por muitos anos, a autoridade científica
para CITES na Suíça, e membro do Grupo de Especialistas
em Orquídeas, entre outras.
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ON:
Senhora Vinciane Dumont, agora que 18a. Conferência Mundial de
Orquídeas terminou e que nós pudemos constatar o sucesso
de seu trabalho, nós gostaríamos muito de conhecer um
pouco desta história, já que só podemos imaginar
o grau de dificuldade para levar adiante um empreendimento de tal grandeza.
VD: Um ano e meio após a França ter sido escolhida para
a organizar esta Conferência, os organizadores me pediram que
os ajudasse e eu aceitei. Rapidamente me dei conta de que havia dois
problemas graves: um orçamento inaceitável e os grandes
problemas de Paris. Qualquer acontecimento, por menor que seja (greve,
visita de um político importante, intempéries,etc) e esta
cidade fica insuportável, pois tudo pára. Se isto acontecesse
durante a WOC, não haveria visitantes na exposição
e seria a derrota financeira. Achei arriscado demais e comuniquei isto
aos responsáveis da WOC-Trustee que me solicitaram a retomada
da direção e a transferência da WOC para fora de
Paris, caso a França quisesse conservar seu mandato.
ON: Assim, a senhora não esteve à frente desde o começo
e isto não ajuda muito. Como conseguiu que os acontecimentos
(Florissimo e WOC) acontecessem ao mesmo tempo?
VD: : Eu mesma já havia exposto, uma vez,
na Florissimo e sabendo que Philippe Lecoufle o fazia regularmente,
nós perguntamos à Florissimo se seria de seu agrado fazermos
as 2 exposições ao mesmo tempo, principalmente por eles
terem boas instalações para o congresso. Foi assim que
tudo começou.
ON: É a primeira vez que a WOC se realiza de um país de
língua francesa. Este fato os ajudou no sentido de angariar a
participação das associações francesas,
em geral?
VD: Fui muito censurada
por parte de orquídófilos franceses que viram aí
um golpe montado para tomar o poder; no entanto, foi mais para salvar
a honra da França e não sermos demitidos de nosso papel
de organizador. Foi necessário esperar 2003, quando Claudie Roguenant,
novo membro do Comitê, convenceu cada associação
francesa a vir juntar-se a nós.
ON: Como vocês se organizaram? A senhora contou com uma equipe,
na verdade, que não era tão grande assim.
VD: Imediatamente
uma equipe de voluntários se instaurou. Já tínhamos
algumas pessoas bastante sérias como Micheline Rusterholz, de
Genebra (Congresso) e Jacques Beguin (site na internet) que já
haviam me ajudado no Congresso Europeu de 1997; Danou Cordier, da Bélgica
(correio) e Rik Neyrinck, também da Bélgica (julgamento)
e, certamente alguns franceses como Michel Vieillard (edição
e promoção) e Philippe Lecoufle (exposição).
Rapidamente outras pessoas se juntaram a nós como Anne-Marie
Gabriel (expositor) e Jean-Pierre Fourlon (alfândega). Tendo em
vista, as distâncias entre cada um de nós, trabalhamos
muito por telefone e via e-mail. Naturalmente que só se pode
medir a eficácia de cada um no momento do acontecimento, mas
devo dizer que alguns foram notáveis e que tudo se passou dentro
um entendimento perfeito, num ambiente muito caloroso apesar de toda
a tensão externa. É um esforço colossal!
ON: Passado esta tensão que todos viveram e visto o sucesso do
congresso e da exposição, qual foi o balanço desta
experiência toda?
VD: As minhas surpresas em relação
à organização do Congresso Europeu em 1999:
1) Os Franceses não sabiam o que é uma WOC porque não
participam ou participam pouco em manifestações internacionais,
o que não era o caso dos suíços. Por conseguinte,
tiveram que aprender rapidamente.
2) As pessoas deixam tudo para a última
hora . Houve expositores que se inscreveram durante o último
mês (15%), assim como a desistência de 3 conferencistas
no último mês e também 20% das inscrições
no congresso. Isto não facilita o trabalho dos organizadores,
visto que para qualquer encomenda, edição etc.... é
necessário um tempo maior. 70% dos congressistas concluíram
o pagamento de suas faturas na chegada. Isto explica porque a recepção
foi mais difícil que previsto. E certamente o problema de línguas
não facilitou as coisas.
ON: No entanto, o saldo é positivo, não?
VD: As minhas impressões continuam, contudo,
a serem muito positivas: o entusiasmo e o assombro de cada um frente
ao espetáculo da exposição, a gentileza cada um,
o interesse suscitado pelas conferências até ao último
dia (freqüentemente diminui a partir do 2o. dia) e o sucesso de
nossa festa de gala final que foi para nós uma das mais pesadas
cargas financeiras, mas que teve o resultado esperado: os ausentes erraram.
Tivemos quase 1000 congressistas, que vieram de toda a parte, os menos
representados foram os americanos, que normalmente são os pilares.
Parece que a política e o dólar não foram a nosso
favor. Os melhores representados foram os asiáticos. Em contrapartida
nunca tantos países participaram numa WOC: quer como expositor,
conferencista ou congressista. Isto é muito importante porque
WOC é, sobretudo, uma troca de cultura, de conhecimento e de
orquídeas. É verdade que foi a primeira vez que aconteceu
num país de língua francesa e que ninguém não
se sentia oprimido.
ON: E quanto à visitação?
VD: Tivemos 200.000 visitantes na exposição
e quase 4.000 na pequena exposição de quadros de orquídeas
na Câmara Municipal de Dijon. Muitas pessoas foram também
aos Jardins de l'Arquebuse para as projeções de orquídeas
em 3 dimensões e para os ateliês para crianças.
Na verdade, havia muita coisa a ser feita num tempo curto!
.
ON: A Conferência
acabou, mas o seu trabalho ainda não.
VD: Estamos agora na última fase: algumas
pessoas na parte financeira, outros nas atas da Conferência que
devem ficar prontas para o Natal. Elas serão magníficas
e interessantes.
ON: Obrigada, senhora Vinciane Dumont.
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