| ORCHID NEWS |
| número 1 |
Reconhecendo a urgente necessidade de dados científicos sobre a fascinante e diversificada flora de orquídeas brasileiras, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro resolveu estabelecer o Programa Orquídea, que visa realizar estudos sobre a reprodução, biologia e diversidade da família Orchidaceae, programa este a ser coordenado pelo Dr. Antonio Toscano Brito, PHD em sistemática de orquídeas, pós graduado pela Universidade of Reading Royal Botanic Garden, Kew, Inglaterra, supervisionado pela bióloga Marta Leitman, graduada pela Universidade do Rio de Janeiro e coordenado pela paisagista Esther Bonder.
e um ripado em anexo, além de áreas internas.
- Como será a relação de vocês
com os orquidários comerciais?
- Temos um intercâmbio com um orquidário
comercial, a Quinta do Lago, que nos dá toda a parte de
instruções e treinamento dos jardineiros. Eles têm
também um laboratório, que não temos nem
deveremos ter num futuro próximo pois é uma coisa
cara, uma coisa muito específica, é realmente um
empate de capital grande. Estamos começando e nós
acreditamos que este intercâmbio vai nos satisfazer.
A idéia é que eles forneçam esta parte de
subsídios na manutenção, no cultivo e na
germinação das sementes que nós forneceremos,
faremos trocas com espécies que venhamos a coletar,
poderemos ceder exemplares, ao mesmo tempo els nós mantém
com um pouco de plantas em flor, para o público é
muito importante ver muita flor. A maioria das nossas plantas
ainda não está em flor, não temos muito
o que mostrar ainda e eu acho muito mais interessante, mesmo
que não esteja em flor, a variedade de plantas que este
universo das orquídeas tem. Desde as microscópicas
até as plantas enormes, mas o público gosta de ver
estas flores enormes.
De alguma maneira, a Quinta do Lago vai tentar manter um pouco
desta mostra para o público e é o que estamos fazendo
também com os outros orquidários.
Houve esta exposição para a inauguração
e a princípio vamos tentar fazer uma grande exposição
duas ou três vezes por ano.
- Vocês farão coletas e classificação
de plantas?
- Com referência às coletas nos habitats,
a idéia é ter, na coleção, plantas
representativas de cada eco-sistema, mesmo que não sejam
raras, que sejam comuns e também visamos buscar espécies
novas, não catalogadas pois nós sabemos que ainda
há muito coisa a ser descrita.
Não temos muita informação sobre a totalidade
do acervo que temos no momento. Isto para a ciência é
uma coisa muito complicada. Para você identificar uma planta,
para ter certeza do nome que você está dando a ela,
é importantíssimo saber a procedência e mesmo
para entender se o que você está vendo é uma
coisa realmente comum ou não é, se está
ameaçada. Esta relação da ocorrência
delas é super importante e nós não temos
nenhuma informação das que temos aqui, não
sabemos quem coletou , quando, aonde. É isto que nós
queremos começar a fazer, um trabalho básico e
bem fundamentado.
- Qual o acervo de vocês, no momento?
- As plantas que temos são as que encontramos aqui,
tiramos as touceiras das árvores, pusemos em vaso, as
touceiras que ainda estavam boas, nós penduramos o próprio
toco, cortando a seção do galho, estamos fazendo
um tratamento fito-sanitário pois estava cheio de pragas.
Isto também é orientação da Quinta
do Lago, de 3 em 3 meses nós fazemos uma pulverização.
Praticamente nós já erradicamos as pragas existentes,
os defeitos são reminiscências destes ataques. Estamos
adubando toda semana e basicamente agora é rega, atenção,
ver a que precisa mais luz e que está recebendo menos,
ir trocando, sempre rearrumando.
- Haverá uma política de intercâmbio
de informações?
- Sem dúvida, já existe um oferecimento.
O Toscano fez doutorado em Kew e o orientador dele, Philipp
Crib, um grande especialista em orquídeas, já abriu
as portas para nós. Está nos mandando publicações,
pois nós precisamos muito de bibliografia para poder identificar
o que nós temos. Esteve aqui um especialista americano
chamado Carl L, que levou muitas flores para identificar e
nos manda os desenhos, as identificações.
Quanto à esta parte científica , o intercâmbio
existe naturalmente e sempre existiu. O Jardim Botânico
é muito considerado mundialmente em termos de sistemática,
de modo que este intercâmbio já existe e vai continuar
cada vez melhor.
- Vocês irão publicar os trabalhos desenvolvidos
aquí?
- A idéia é que aqui se torne um centro
de produção científica, como já é
o Jardim Botânico, como é a linha da instituição.
Nós estamos muito no começo, precisamos conseguir
estagiários, equipamentos básicos, que é
uma boa lupa com câmera clara para poder observar as flores
todas e desenhá-las. Nós estamos começando
com o básico que é catalogar o que nós temos
aqui. Nós coletamos, descrevemos as características
e as cores antes de colocar no álcool, etc. Estamos fazendo
o básico mas a idéia é poder seguir nos
trabalhos de sistemáticas.
- Como vai ser a captação de recursos para
estes projetos?
- Por ser uma experiência pioneira para o Jardim,
a parceira com Antonio Bernardo foi feita só por 2 anos
mas ele mesmo queria fazer por 5 anos. O diretor achou mais prudente
fazer um contrato mais curto e ver os resultados. Independente
do patrocínio para manutenção da coleção,
nós vamos ter que procurar patrocínio para as excursões,
que são caras. Nós temos que ir à Amazônia,
ir a lugares distantes e tem que ir com pessoal, isti implica
em transporte, diárias, etc.
Nós vamos ter que conseguir também patrocínio
para pesquisa porque nós precisamos de algum equipamento,
isto a princípio o CNPq nos dá, é só
uma questão de começar a pedir bolsistas, equipamentos
mas que não é muito caro, um computador, uma lupa
, com R$ 15.000, nós podemos ter tudo que precisamos.
Não há ainda uma experiência de como tornar
o orquidário lucrativo. Outros lugares do mundo o fazem,
como por exemplo, o Orquidário do Jardim Botânico
de Singapura que é uma coisa fenomenal, tem 5 andares,
uma construção gigantesca, a entrada no Jardim
Botânico é de graça e a do orquidário
é paga. Não sei se eles vendem mudas mas acredito
que sim.
Isto seria também uma possibilidade, mas isto tudo é
muito recente. O Jardim Botânico do Rio de Janeiro só
teve autonomia do IBAMA agora. Tornou-se um instituto há
poucos meses. Gerir a receita, buscar patrocínios, tudo
é novidade. Nós estamos engatinhando neste processo
mas eu acho que o potencial é enorme.
Participaram desta primeira exposição os orquidários:
Melhor Oncidiinae: Beallara tropical - Raimundo Mesquita
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