AS SOCIEDADES ORQUIDÓFILAS - AOSP

AOSP – ASSOCIAÇÃO ORQUIDÓFILA DE SÃO PAULO
Um pouco de história

Por Lúcia Midori Morimoto

A AOSP completou neste mês de fevereiro, 56 anos de sua fundação. É uma entidade relativamente nova se comparado a outras como CPO – Círculo Paulista de Orquidófilos, SBO – Sociedade Bandeirante de Orquídeas, mas tem muita história. É uma entidade com apenas 5 presidentes nesses anos todos.

Futao Inoue - primeiro presidente
Ienori Nakao - segundo presidente
Jorge Kawasaki - presidente entre 1977 a 2002
Lucia Morimoto - presidente de 2002 a 2008 e a partir de 2011
Elza Kawagoe - presidente do biênio 2009-2010

Publicou 4 livros, 18 boletins, 38 revistas, livretos de cultivos a cada exposição.
É uma entidade bem ativa e conta com um valioso quadro de associados, não em número, mas em dedicação e espírito voluntário que é passado a cada novo membro que chega.

Bem, vamos a um pouco de história.

Nos idos da década de 1950 e 60, alguns japoneses frequentavam as reuniões do CPO e da SOB, associações cujos membros eram em sua maioria empresários influentes à época.
Sendo a maioria dos japoneses imigrantes e de origem humilde, encontravam alguns problemas como a barreira da língua e a discriminação. Mesmo assim frequentavam as reuniões na esperança de ampliar seus conhecimentos com as orquídeas.
Até que em determinado momento resolveram sair e começaram a se reunir na casa de um dos membros, no caso o Sr. Futao Inoue, que mais tarde viria a ser o primeiro presidente.
Em sua residência se reuniam cerca de 40 orquidófilos ávidos por conhecer e estudar as orquídeas e o idioma praticado era o japonês.

boletins
Em 1967 foi fundada a Associação Orquidófilos São Paulo e anos mais tarde passou a se chamar Associação Orquidófila de São Paulo.
Já no ano de sua fundação começou-se a publicar os primeiros boletins com textos em japonês escritos à mão e com fotos em preto e branco.
Essa publicação foi sendo aperfeiçoada, chegando a ser colorida e com a escrita em tipografia de uma empresa jornalística parceira da AOSP.Tal publicação teve ao todo 18 edições e encerrou em 1980.

Na década de 1970, a AOSP teve seu segundo presidente, Sr. Ienori Nakao, que assumiu quando o primeiro teve que retornar ao Japão. Mas em 1977 devido a problemas de saúde passou a presidência para Jorge Kawasaki que só deixou o cargo em 2002. Foi uma gestão bastante longeva onde idealizou e realizou muitos feitos!

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Em 1977, para comemorar os 10 anos de existência, publicou o livro memorável “Native Orchids of Brasil”, edição luxuosa que foi editada e impressa no Japão. Foi uma publicação bilíngue, bastante ousado para a época.
Kawasaki fez muitos amigos Brasil afora. Grande parte das associações orquidófilas do Brasil convidavam a AOSP para participar como expositor e lá ia o Jorge com o carro lotado de plantas! Fazia questão de visitar a maioria das exposições e isso nos foi passado. O seu ensinamento foi de quanto é importante fazer amigos através das orquídeas e que a AOSP deveria participar dentro das possibilidades, da maioria das exposições e o mais importante, não se importar com as pontuações.
Afinal, a intenção é de ajudar a entidade anfitriã e não arrumar briga porque alguém fez mais pontos que você! E assim é até hoje. Ele nunca permitiu que a vaidade falasse mais alto.
native
Também fez com que nossas exposições tivessem um ar requintado, organizando bem o espaço de vendas e distribuindo gratuitamente o livreto “Noções Básicas de Cultivo de Orquídeas” que era editado a cada exposição, sempre com um tema inédito.
Em 1997 ingressei na AOSP a convite do Sumio Nakashima que era vice-presidente. Na primeira reunião que participei achei algo diferente, para não dizer estranho... A reunião foi toda em língua japonesa! Saí da reunião pensando que por algum motivo naquele dia tinha sido em japonês. Na reunião seguinte, novamente! Resolvi perguntar porque não era em português. A resposta foi de que era em respeito aos fundadores e a história da AOSP. Achei estranho mas entendi.
Na eleição daquele ano me deram o cargo de relações públicas. Não fazia ideia qual era meu papel, mas aos poucos aprendi a dar entrevista para rádio e até ir a TV para falar sobre orquídeas e divulgar as exposições. Não foi fácil.
Em 2002, depois de algumas ameaças do Kawasaki deixar o cargo, me elegeram para o seu lugar. Relutei, neguei, mas não teve jeito! Acabei aceitando sob uma condição! De que não iria conduzir as reuniões em japonês e sim em português! Acabaram aceitando e assim é até hoje.
De lá pra cá muitos associados vieram. A maioria não são de origem japonesa, Inclusive muitos veteranos que participavam de outras associações passaram a frequentar nossas reuniões. A barreira da língua não existia mais.


Logo no ano que assumi, em comemoração aos 35 anos da AOSP, foi lançado o livro “Manual de Cultivo – Vol.1” , idealizado por Kawasaki, executado por Denitiro Watanabe, Márcia S,Morimoto, Gilson Kihara e eu Lúcia M. Morimoto.
Esse livro foi de grande sucesso!

E seguindo tal sucesso, para marcar os 40 anos da AOSP, foi lançado o “Manual de Cultivo – Vol 2”. Também teve muita procura!

Essas publicações foram de grande êxito pois na época o uso da internet não era tão difundida como hoje, infelizmente...
Entre 2009 e 2010 a Elza Kawagoe assumiu a presidência, pois tive que me afastar por motivos da saúde na família.

boletins
Em 2011 estava de volta e realizamos mais um dos sonhos do Kawasaki, que era a publicação de uma revista trimestral da AOSP.
Foram várias reuniões até chegar ao formato da publicação.
A “Revista da AOSP” teve grande repercussão no meio orquidófilo e conseguimos permanecer editando por 10 anos. Da edição número zero até o número 37.
Em 2017 a AOSP completou 50 anos e lançaríamos um livro comemorativo, porém infelizmente Kawasaki acabou falecendo e mudamos o foco do livro.
Chamamos de “Memórias, sonhos e reflexões de um idealista” – foi um livro de homenagem ao nosso grande presidente
.

Passados esses anos todos, muitas coisas mudaram.
Veio a Pandemia, paralização das atividades como reuniões, exposições.
Enfim, sem atividades, sem receitas.
Decidimos devolver a sala que alugávamos para a realização das reuniões com a intenção de reduzir os custos fixos. Enxugamos bem nossas contas e continuamos firmes e fortes reunindo mensalmente em locais abertos como orquidários e parceiros, agregando conhecimento através de palestras, além de desfrutarmos o bate papo em período integral ao invés de algumas horas como era no formato anterior.

Estamos todos nos divertindo, gastando menos e com energia revigorada para continuarmos a realizar as exposições.